quarta-feira, agosto 30, 2006

Joey


Os Mescaleros são gajos famosos. E conhecem gajos famosos (não apenas o Guitarrista Famoso, conhecemos muitos mais...). Por altura do Mundial da Alemanha, aqui o vosso Side-Kick teve um tu-cá-tu-lá com o baixote Joey Cape. Não sabem quem é o gajo? Azar o vosso...

- Apesar de ver “Resolve” como um álbum muito intimista, acredito que grande parte dos fãs de Lagwagon se conseguiu identificar facilmente com este disco, que foi, obviamente, composto para homenagear o Derrick. Existiam planos para a edição de um novo trabalho no fim do ano passado ou a perda de Derrick fez com que houvesse uma alteração de planos?

Já andávamos a equacionar o lançamento de um novo álbum, e até já tínhamos umas coisas compostas, mas nada em concreto até ao suicídio do Derrick. É triste, mas esse trágico acontecimento funcionou como um catalisador para “Resolve”, que acabou por surgir naturalmente, sem grande esforço mas de um modo extremamente doloroso.

- Após ouvir o álbum algumas vezes, fiquei com a sensação de que algumas das músicas facilmente encaixariam num cd dos Bad Astronaut. Foi propositado ou foi algo que surgiu naturalmente?

Eu acho que a composição de músicas é limitada pelo compositor, e eu sou como que unidimensional na abordagem que faço, em termos de escrita e composição. Escrevo apenas aquilo que me vai surgindo naturalmente, raramente escrevo de forma intencional ou calculada, não sou muito bom a premeditar esse tipo de coisas. Nessa perspectiva, suponho que as minhas canções possam funcionar em qualquer das minhas bandas.

- Parece-me que o som dos Lagwagon, se é que podemos utilizar este termo, pode ser separado em 3 fases muito distintas. Uma 1ª, mais pesada, nos 2 primeiros albúns, a 2ª, melódica e harmoniosa, de “Hoss” a “Let´s Talk About Feelings” , e uma 3ª, mais elaborada e experimental, que começou em “Blaze”. Concordas ou as diferenças foram surgindo com o passar do tempo?

Podes ter razão, mas para mim é complicado pensar na nossa música e na nossa carreira dessa forma. A música, em si mesma, é muito tolerante. Já nem sequer me lembro qual era a nossa ideia quando criámos os nossos primeiros dois álbuns. O que sei é que, basicamente, fazemos o que queremos e sempre assim foi. Como tal, acredito que a nossa evolução musical provém de uma progressão natural.

- No meio dos anos 90, foram lançados vários álbuns fantásticos, que marcaram toda uma geração, por bandas como os Nofx, Pennywise, Bad Religion, Rancid, Lagwagon, Good Riddance, Propagandhi, etc. Foram muitos álbuns bons a serem lançados num período de tempo bastante curto. Será que algum dia vamos poder novamente apreciar uma tão grande vaga de criatividade?

Tenho quase a certeza que sim. Não sei bem o motivo, mas penso que os estilos de música funcionam dessa maneira. Acredito que, quando um qualquer aspecto de uma forma de arte é novo, ou renasce, é muito mais inspirado. Foi uma altura fantástica na minha vida, e imagino que tenha sido similar ao que algumas bandas Punk sentiram em Los Angeles, em 1982. Não fomos os pioneiros, mas existe algo de valido e de verdadeiro em todas as gerações. É possível que tenha sido essa a nossa época de ouro.

-E as bandas novas? Após terem surgido os Anti-Flag e os Rise Against, parece-me que as novas bandas, como os Love Equals Death, não têm a qualidade e o talento da geração anterior. O punk está a atravessar um período de estagnação?

Não estou numa posição que me permita fazer esse julgamento. Já ouvi canções dessas bandas das quais gostei. Vou dizer apenas que é natural estar menos interessado num certo tipo de som, após ouvir essa música durante tanto tempo como nós já o fazemos. Basicamente porque já não nos inspira como inspirava. Mas tudo se resume ás canções – se a canção mexer comigo, pouco me interessa quem a escreveu.

- De acordo com as datas anunciadas no site da Fat Wreck, vocês não vão passar em Portugal na Tour europeia deste Verão. A última vez que cá estiveram foi em Setembro de 2003. Existem planos para concertos em Portugal para breve?

Sabes, já deixei de olhar para o calendário das datas. Acabei de perguntar a um dos nossos roadies e ele realmente confirmou que não vamos a Portugal este Verão. Desculpem, fico realmente triste. Eu só vou para onde me dizem para ir, é uma aventura mais espontânea desta forma. Fazemos duas datas em Espanha, que é o mais próximo que vamos estar de vocês.

- Com todos os outros projectos existentes (como os Gimmes, Bad Astronaut, RKL), e considerando que todos vocês têm outros interesses para alem da música, e uma vida pessoal para viver, como é que encontram o tempo, a energia e as boas ideias para manter os Lagwagon no activo e em forma?

Boa pergunta. Tenho uma filha com dois anos, que é a minha grande prioridade nos dias que correm. Os Gimmes, que acabaram agora as gravações do novo álbum, dão muito pouco trabalho. Os Bad Astronaut também acabaram o álbum novo, que vai ser o último. E este ano ainda gravei um álbum com uns amigos em Los Angeles, nada de Punk Rock (é algo mais ao estilo dos Replacements), o projecto ainda não tem nome, mas pode vir a chamar-se Dead Penguin. Provavelmente deveria acalmar, mas, no fim de contas, só se vive uma vez.

- Li algures que os Bad Astronaut acabaram – o que se entende perfeitamente, devido à morte do Derrick. É verdade? Após a edição do novo álbum, dá-se o final da banda?

Sim, é verdade, a banda acabou. O Derrick gravou um outro álbum, além do dos Bad Astronaut, antes de morrer, com uma banda chamada Jaws. Gosto do som deles.

- Mudando de assunto, por cá parece que o vosso presidente Bush anda a tentar encontrar motivos para invadir mais um país no Médio Oriente e começar uma nova guerra, desta vez com o Irão. Qual é a reacção das pessoas aí?

Acho que tens razão, pode-se explicar toda a situação dessa forma simples. Mas todos sabemos que existem interesses que dizem respeito à economia americana, principalmente no que toca ao petróleo e as grandes corporações e empresas. Enfim, a conversa de sempre. Mas, para comparar isto na perspectiva correcta, o Bush não é o Hitler. É apenas um homem extremamente religioso, muito motivado por interesses económicos, que, com a ajuda dos seus acessores, abusa do poder que tem. Mais uma vez, não é nada de novo.

- E o Mundial de futebol na Alemanha? Tens estado a acompanhar? O que achas da prestação da selecção americana? Quem é que achas que vai ganhar?

Tenho acompanhado, sim. A selecção americana não era boa suficiente e esse é o motivo para terem sido eliminados facilmente. Não faço ideia de quem vai ganhar, talvez a Alemanha, a Argentina ou a Inglaterra. Ou o Brasil novamente. Está a ser um excelente campeonato, cheio de boas equipas.

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